terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Direito de Inexpressão

Antes de qualquer coisa, gostaria de ressaltar a coerência que existe em alguém que não é lá muito eloqüente e luta pelo próprio direito de inexpressão. Sim, estou, modestamente, falando de mim. (Só pra variar)
Antes também que alguém pergunte, já dou logo a reposta: Não! Não estou com raiva de ninguém. Não! Não escrevi este texto para ninguém especifico e não, não estou mentindo.
O direito de inexpressão é aquele que todos têm, mas que, infelizmente, nem todos usufruem, de ficar em silêncio. Fico surpreso o quanto certas pessoas não sabem ficar caladas em determinadas horas, nas quais por mais que as palavras sejam bonitas, elas têm tanta importância quanto um monte de merda indo descarga abaixo. É desse direito do qual usufruo ultimamente, o direito de não falar porra nenhuma sobre nada; e quando falo em “nada” me refiro sim a minha vida sentimental, afinal, a canção permanece a mesma.
Se existe alguma razão para esta decisão? Claro que sim, afinal, nada acontece por acaso. A verdade é que, apesar desses últimos meses terem sido muito bons, nesse mesmo período, todas as minhas convicções foram postas à prova, algumas foram até desbancadas. Penso em como um bando de nerds mais jovens do que eu me ajudaram a aceitar coisas nas quais me recusava em acreditar. Penso na forma em que a pessoa menos indicada, e quando falo menos indicada , me refiro a alguém que fuma e freqüenta bares, me ensinou que afeto tem muito mais a ver com presença do que com juras piegas e que se aventurar pode ser perigoso mas é sempre muito bom. Não que eu ache fumar e freqüentar bares um pecado hediondo, se existe autocontrole, não vejo nada demais; Enfim eu só queria ser especifico, me refiro a alguém que eu adoro, que beija muito bem e que nunca vai ler esse texto.
Nestas últimas semanas me questiono qual a moral que tenho pra falar em relacionamentos saudáveis se a coisa mais certa que se pode concluir em todos esses textos que estão aí embaixo, é a minha total inadequação aos romances clássicos. Se fiquei triste quando cheguei a essa conclusão? Claro que sim, principalmente por ser algo que no fundo eu sempre soube; Robert Plant já e avisava quando cantava “ I live for my dreams and a pocket full of gold”. Mas aí o Marcelo Camelo me deu um safanão quando me perguntou “O que te sobra além das coisas casuais?” Na faixa seguinte, o Rodrigo Amarante me ajudou a perceber o que eu não queria quando disse “ o quanto levou foi pra eu merecer”.
De forma resumida eu posso dizer: Meu silencio é fruto da quebra das minhas convicções e da falta de vontade de permanecer em uma busca incessante por adequação. Alem do mais, eu acabei percebendo que em uma vida cheia de altos e baixos em que todo mundo precisa de um banho de alto estima de vez em quando, sinceridade e sentimentalismo em excesso acabam se tornando um paraíso para narcisistas.
Só pra concluir, para aqueles babacas que estão pensando naquele verso do Los Hermanos “Não te dizer o que penso já é pensar em dizer”, eu digo: Não vou deixar de ser sincero nem de ser sentimental, afinal, a canção permanece a mesma, o que muda é que nem todo mundo vai me ouvir cantar agora.