terça-feira, 31 de maio de 2011

A psicose da felicidade

É estranho pensar na forma como certas coisas nos incomodam e por mais que nos esforcemos em horas de reflexão, não conseguimos identificar a real fonte de tamanho desconforto associadas a tais “coisas”. Mais estranho ainda é pensar que, às vezes, precisamos que outra pessoa que nos mostre o quão óbvio é esse incomodo. Só pra exemplificar, isso aconteceu comigo no estouro dessa onda de Crepúsculo. Além dos incômodos lógicos causados por um vampiro que brilha no sol, havia também aquela sensação chata de exclusão, por mais óbvio que seja se sentir excluído na celebração do homem ideal para olhos imaturamente femininos, que só me foi esclarecida quando assisti a esse vídeo do Felipe Neto.
Bom, na semana passada, diga-se de passagem, uma semana de acontecimentos ridiculamente ridículos como o dia do orgulho nerd, muito se falou e muitos créditos foram dados a tal Banda Mais Bonita da Cidade e seu megahit “Oração”, com um vídeo que parece mais uma confraternização de universitários, do qual não passei dos 3 minutos, e com uma letra curta e tão pegajosa quanto o “Shimbalaiê” da Maria Gadu. Eis aí o pivô de mais um incomodo sem uma causa aparentemente plausível, afinal pensem comigo: Por que se sentir tão incomodado por uma musica tão fofa que nos remete a uma forma tão inocente de felicidade?
Pois bem, tudo me foi esclarecido hoje quando, em mais uma das minhas “andanças” pela rede, li um artigo do Regis Tadeu, colunista do Yahoo, de quem há algum tempo eu já vinha questionando a competência. Depois de inúmeros artigos pífios e uma fatídica entrevista com um dos principais representantes do “Cafona Rock”, em um momento de iluminação escreveu esse artigo.
Obrigado Regis.
Eis que meu incomodo com esse vídeo se tornou tão claro quanto o Edward Cullen pegando um solzinho na praia do Futuro: O ridículo estereótipo universitário brasileiro. Afinal como eu não me sentiria incomodado em saber que em meio às camisas brancas bem passadas, às barbas e sandalhas, que junto das bijuterias hippies e da frouxidão das vestimentas femininas eu estou sendo representado? E isso tudo em meio a toda uma atmosfera intencionalmente criada para passar idéia de superioridade intelectual de quem tem tempo entre as leituras de Dostoiévski para fazer rimas ridiculamente felizes.
É ridículo pensar que o grupo que formará, ou até pensa que já forma, a “elite intelectual” deste país colaborou de forma tão psicótica ao que o Régis brilhantemente definiu como “bundamolização” da música brasileira, que, diferente do que essa mesmo colunista pensa, não passa por Los Hermanos(que adoro) e sim pela colorice do Restart e mesmo pela cafonice de bandas como NX Zero e Fresno.
Pra você que também se sente contaminado com tanta inocência e sentimentalismo intelectualizado, taí uma música pra você se sentir mais mundano e menos cabeça:

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